Nos eventos que participamos, geralmente o que nos é servido é o tradicional churrasco. Ele é sempre bem vindo, visto que agrada a todos. Mas o que me preocupa é o consumo exagerado, já que temos eventos todos os fins de semana. O churrasco também oferece riscos que podem ser minimizados com substituição das carnes utilizadas e moderação.
O tão tradicional churrasco pode representar um perigo à saúde. O que o torna uma ameaça à saúde é a quantidade de gordura contida nele. É justamente a gordura que aumenta os níveis de colesterol no organismo. Existem três tipos de gordura que contribuem para que isto aconteça: a saturada, a polinsaturada e a insaturada. A principal fonte de colesterol nos alimentos é a gordura saturada, também presente nos animais e considerada a pior de todas.O aumento do colesterol pode provocar a formação de “placas” de gordura dentro dos vasos de sangue. Caso essas placas se formem em uma coronária, veia do coração, as chances de infarto aumentam significativamente. O colesterol presente no organismo não é proveniente apenas da alimentação. Cerca de 70% dele é produzido pelo próprio corpo humano e é utilizado na produção de algumas substâncias, como hormônios. Todo mundo tem colesterol. O que a gente não pode é tê-lo em excesso, principalmente daquela fração chamada de colesterol mau. Embora nem todo o colesterol seja advindo da alimentação, a quantidade de gordura ingerida pode alterar significativamente seus níveis dentro do organismo. Nesse ponto, o churrasco passa a ser considerado uma das grande fontes de colesterol, uma vez que em seu preparo são utilizadas as carnes mais ricas em gordura. Normalmente as carnes mais saborosas como picanha, cupim e costela são aquelas contêm maior quantidade de gordura. Não só gordura aparente, mas sim no meio das fibras. Na carne de vaca, por exemplo, 50% da gordura está no meio das fibras.
A carne de frango também é rica em gordura nas partes que contêm pele. Esse é outro problema no churrasco. É difícil ver churrasco de peito ou filé de frango, partes sem pele e, por isso, sem gordura. Além da carne em si, o modo como ela é preparada também pode influenciar nos níveis de colesterol de quem a ingere. A gordura, após ingerida, passa por alguns processos de metabolização dentro do organismo, a chamada oxidação. É nessa oxidação que o modo de preparo pode influenciar, principalmente devido à quantidade de calor. Nesse ponto o churrasco é considerado um dos piores meios de preparo. Com o calor muito alto, é como se a carne fosse ‘selada’, e a gordura fica toda lá dentro, não escorre. Além disso, com a grande quantidade de calor, o processo de oxidação que deveria ser realizado dentro do organismo, já é iniciado antes da carne ser consumida.
O tradicional ‘coraçãozinho’ de frango normalmente utilizado para carne de churrasco é a campeã em quantidade de colesterol. A taxa diária geral de colesterol indicada é de 200 a 300mg, variando de pessoa para pessoa. Para se ter idéia, 100 gramas de coração de frango tem o equivalente a 2 mil mg de colesterol, isto é dez vezes mais que a quantidade indicada por dia. Quanto mais se puder evitar a ingestão deste alimento, melhor. A carne de porco, se aparentemente magra, é menos prejudicial do que a carne bovina. Um lombo de porco, não contendo aquela gordura visível, é mais saudável que uma picanha por exemplo. Hoje existem ainda porcos desenvolvidos com baixo teor de gordura, o que é ainda melhor.
Além das carnes propriamente ditas, o churrasco possui outro fator de risco: as bebidas alcoólicas que o acompanham na maioria das vezes. O álcool, além de provocar danos ao fígado, pâncreas e estômago, por interferir no metabolismo, acaba alterando a oxidação do colesterol. O churrasco é uma das maiores paixões dos brasileiros, no entanto existem alguns cuidados que devem ser tomados para que a saúde não seja prejudicada. Estudos revelam que o excesso de consumo de carne vermelha pode trazer riscos à saúde. Dentre os riscos está o câncer de intestino. As carnes vermelhas em geral apresentam alto nível de colesterol LDL (mau colesterol), podendo aumentar os riscos de problemas cardiovasculares e do coração. O excesso de carne vermelha tende a sobrecarregar os rins que precisam eliminar o excesso de proteínas. Carnes vermelhas mal passadas podem apresentar contaminações, tanto por falta de inspecionamento, armazenamento/transporte inadequado.
O carvão deve ser selecionado e adequado, o carvão pode deixar resquícios da queima e de substâncias químicas na carne. Estes resíduos podem causar inúmeras doenças e até mesmo problemas respiratórios.
Outro fator que tenho observado nos amigos do motociclismo, é o elevado teor de ácido úrico que eles relatam em seus exames. O churrasco nos eventos acaba sendo exageradamente consumido. O ácido úrico elevado pode ser uma consequência do elevado consumo de proteínas da carne.
Portanto, fiquem de olho! Consumam a carne com moderação! Procurem um nutricionista para montar um esquema de alimentação equilibrada, para que não exagerem nos eventos!
Dra. Deise Dantas Barcellos – Nutricionista RJ
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